domingo, janeiro 07, 2007

Editorial

O recomeço do cosmos

O princípio é o caminho para algo. Todos nós caminhamos com o intuito de chegarmos a algum lado. Todos os anos voltamos à página da nossa existência e projectamos a loucura dos nossos anseios no degrau aparente de um mundo insano, governado por instintos — qual deles o mais selvagem?
Chegamos, sem nunca termos partido, sem muitas vezes nos termos apercebido do que deixámos para trás. Voltamos, então, atrás, procurando encontrar o nosso lugar abandonado no banco do jardim. Todavia, não é um banco qualquer, é o banco no qual permanecemos quietos, mudos, entretidos a ler o mundo com os nosso olhos peregrinos. Deliciamo-nos, entristecemo-nos e somos indiferentes às folhas manuseadas de um mundo por descobrir.
Chegámos, mas nunca partimos. Pensamos: — é este o momento de começar do zero e decifrar tudo aquilo que nos rodeia. É um novo recomeço do fluxo inexorável do tempo, ávido por nos ser revelado. E no entanto, estamos exangues de compromissos, de não poder alterar nada. Acreditemos. O caos e a ordem, a convergência e divergência do universo imutável ata-nos. Desatemos — já — os nós que nos apertam. Dêmos uma oportunidade para nós mesmos. Em nós o pessimismo não é o fim em si mesmo, mas apenas um estado que nos leva ao conhecimento das coisas. Então, assim seja. Caminhemos, partamos, arquitectemos, sonhemos e sejamos criadores de novos mundos e da nossa própria existência.

A todos um fecundo ano em sonhos e criações.


Editor Três — Reis Neutel