quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Poesia

Pedaços

Rasguei minhas palavras
E pensamentos…
Lancei-os ao Vento
E ele, em galopantes suspiros,
Os levou com magistral gosto!!!

Perdendo-os em minha vida,
Senti faltarem-se pedaços de mim!
Que miséria!

Arrependi-me…

Corri, corri, corri para os alcançar…
… Saturei!!!...

Subi umas escadas
Cujo fim era inalcançável…

Aaaaaaahhhhhhh!
Que queda triunfal!!!

Caí em local deserto,
Na infinidade…
Meus pensamentos e palavras
Lá estavam como virgens tocáveis…

Peguei neles e o Vento, (sempre tu!),
Levou-me para minha moradia,

Onde penso…
Onde sonho…
Onde escrevinho…
Con-correntes dores!


Os Deuses nada fazem…

Boiando entre meus lençóis,
O frio que estrangula,
Entra sem licença!

Quero escrever versos vertiginosos,
Cuja virgindade será explorada quando lidos…
Contudo, a inspiração falta-me e foge-me como
A lua da luz solar…

Febo e sua luz evaporam-se por entre as árvores
De nuvens feitas!
Erato, não inspira minha poesia
Jamais lírica ou amorosa!

Oh Deuses e Divindades,
Ajudem este ser para quem
Cada segundo é uma hora
E uma hora é dia esgotável em trabalhos mentais!

Camenas, socorre-me!
Minha poesia de macambúzia,
Que em terras movediças se perde,
Não solfeja…
Logo eu, que tanto gosto de cantarolar…

Bóreas, meu prezado amigo,
O mais célebre dos Ventos,
Vai buscar outra ajuda… um deus cego…
O Destino… porque não?
Tem debaixo de seus pés
O globo terráqueo e nas mãos
A urna fatal que encerra
A sorte dos mortais como eu… ou como tu!

Aaah! A força esvai-se de minha seca mão…
Oh, Noite, tu que és mãe do Destino, do Sono
E da Morte, esposa de Caos,
Leva-me a ver Platão, rei infernal
E dos mortos… talvez ele me aceite por suas terras!!!

Sou jovem… pareço ser…
Mas Hebe quis esculpir minha essência
Com paralelepípedos pisados pela dor e pela idade…

Será que me mereço esta (in) justiça?

Foi Eaco que me condenou… ele que é tão justo!


A inspiração desfaz-se
Como ondas de diamantes
Sem cor transparente…

Oh Minerva, dá-me um sopro
De tua mui lograda sabedoria!

Oh Lino, tuas poesia e música
Podiam querer invadir minha mente…

Oh Proteu, oh Orco… deuses do mar
Findável em meu olhar nublado,
Trazei minha poesia!

Por que não me ajudais?
Por que não nasci da espuma do mar
Como Vénus, bela e amada?

Rendo-me
A Hapócrates,
Silêncio de alma e corpo sentencioso…
A Mepómene e sua vivência de tragédia…
A Vesta que minha inspiração queimou…
…Para sempre!!!


Saudação a Martins Ferreira

Malabarista de poucas palavras,
Aponta dentro de si todos os
Rastilhos de solidão pouco querida!
Tem o «dom» de escrever por
Íntimas linhas, que
Nada parecem despertar em
Seres menos atentos, sensíveis!

Fere seu pensar com
Encontros fantasmagóricos feitos de pesadelos!
Rende-se à solidão limitadora e castradora que
Rasteia sua vida!
É um poeta?...
Integrando-se em viveres de alegria,
Rendilha seu ego de ânimos
Anormais e peculiares de sentimento!

Martins Ferreira