quinta-feira, dezembro 07, 2006

Poesia

Divãs de Um Sonho Pródigo (II)

Encho páginas em branco
Só para poder imaginar
O canto das marés.
Resumo as horas
Que restam à silhueta
Do mundo
No sono matiz da lua.
Num murmúrio inexacto de mim
Delineio nas nuvens das ruas
Memórias de rostos
De todos aqueles
Que se perderam
Há muito nas colinas
De meus sonhos.
E durmo pensando
Que a noite não me encontrará
No divã de um sonho pródigo.
Reis Neutel




Retorno

Na penumbra desta margem
Usei pernoitar, em tempos
E as minhas mãos traçaram
O contorno da solidão
Ainda ancorada
No mesmo porto de saudade.
Lá fora as crianças
Marcavam a distância dos dias
E as folhas imaginárias
As horas encurtadas
Nos versos
Que não escrevo.
Reis Neutel