domingo, junho 10, 2007

Poesia IV

CONFISSÃO

Ontem debrucei-me
sobre o manto das árvores
para escutar as passadas incertas das folhas

e por entre a ramagem do fim do dia
em silêncio
meu coração murmurava palavras desconexas

num impulso começou a contar os instantes do mundo
como um louco vagabundo
dormitando na ausência da razão

rasgava o ar com ponta dos dedos
dizia voar no crepúsculo das nuvens
— rumo ao infinito

E de repente

tombou imóvel
Sob os contornos invisíveis daquele demónio
Que apenas posso soletrar
A—M—O—R.


Reis Neutel