domingo, junho 10, 2007

Poesia III

SENHORA DA MEMÓRIA


Ajaezada e vencida

Depõe a alma pendões ao vento

Naquele alto morro toma acento

A rústica, alva e pobre ermida

Poisa a mão em ajuste divino

O remorso de antanho, doutro vento.

Ruge o mar seu lamento,

Na penha morre um trágico hino.

A última hora na munda serrania,

Lacera o espaço como o fogo aquece

O puro amor que sempre entontece,

Ante longes d’alma e fins d’agonia.

E os passos brandos d’ Agostinho da Cruz

Ecoam salmos de queixume e lembrança

Desse ermo bravio que exulta e amansa

O pungente martírio de Cristo Jesus.


Leonel Ferreira