EDITOR 8IT0
“The man who writes about himself and his own time is the only man who writes about all people and all time.”
George Bernard Shaw (1856 - 1950)
Será o escritor uma espécie de predestinado, de um super-homem?
A marcha do tempo é inevitável. O mundo cambia em menos de nada. Somos vigiados pelas câmaras escuras dos nossos governos. Acabou-se há muito a privacidade. Sim, ou talvez não. Num exíguo sótão, o autor desafia o exterior, debate-se com os labirínticos contornos dos seus pensamentos, entorna tinta sobre eles, manipula-os até lhe dar a cor certa. Palavras são pensamentos prévios, sem pensamentos nunca o terem deixado de ser.
Mas tudo parece resvalar na inércia do mundo de olhares vagos. E ele, o centro do mundo, que bem conhece, o farol de turbilhões de pensamentos — pensa se valerá mesmo a pena escrevinhar signos por signos.
O acto de escrita surge da necessidade de uma auto - comiseração do ser-autor. A escrita funde-se nos recônditos dos seus desejos e aversões. Medita com a palma da razão. Porém, o silêncio dá lugar à dor. O peso do mundo abate-se sobre ele. Não há lugar ao regresso a casa, pois não há casa que o acolha mais. Resta-lhe um caminho. Continuar. Ele será a chave da nova criação. Deve, então, continuar, apesar da dor e do cansaço. Só assim, a obra nascerá e com ela a terapia no seu consolo.
Reis Neutel
George Bernard Shaw (1856 - 1950)
Será o escritor uma espécie de predestinado, de um super-homem?
A marcha do tempo é inevitável. O mundo cambia em menos de nada. Somos vigiados pelas câmaras escuras dos nossos governos. Acabou-se há muito a privacidade. Sim, ou talvez não. Num exíguo sótão, o autor desafia o exterior, debate-se com os labirínticos contornos dos seus pensamentos, entorna tinta sobre eles, manipula-os até lhe dar a cor certa. Palavras são pensamentos prévios, sem pensamentos nunca o terem deixado de ser.
Mas tudo parece resvalar na inércia do mundo de olhares vagos. E ele, o centro do mundo, que bem conhece, o farol de turbilhões de pensamentos — pensa se valerá mesmo a pena escrevinhar signos por signos.
O acto de escrita surge da necessidade de uma auto - comiseração do ser-autor. A escrita funde-se nos recônditos dos seus desejos e aversões. Medita com a palma da razão. Porém, o silêncio dá lugar à dor. O peso do mundo abate-se sobre ele. Não há lugar ao regresso a casa, pois não há casa que o acolha mais. Resta-lhe um caminho. Continuar. Ele será a chave da nova criação. Deve, então, continuar, apesar da dor e do cansaço. Só assim, a obra nascerá e com ela a terapia no seu consolo.
Reis Neutel
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